O início de uma era

Sem Cristiano Ronaldo e Messi pela primeira vez em 21 anos, Champions League procura novos heróis

Marinho Saldanha e Thiago Arantes Do UOL, em Porto Alegre (RS) e Barcelona (ESP) Divulgação

Quase tanto quanto o hino que todo amante do futebol sabe cantarolar, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo viraram sinônimos de Liga dos Campeões. As maiores estrelas do futebol nos últimos anos se alternaram no topo da principal competição de clubes da Europa por mais de 20 anos.

Mas o torcedor pode procurar à vontade nos jogos da fase de grupos que começam hoje. Não vai achar nenhum deles. Com o argentino nos Estados Unidos e o português na Arábia Saudita, a Champions inicia uma nova era, um pouco carente, à procura de novos astros.

Quem serão os novos protagonistas do torneio? Qual impacto destas ausências na Liga? O que esperar de agora em diante desta nova realidade do futebol? São as questões que se impõem, e que tentamos responder a partir de agora.

Divulgação
FAYEZ NURELDINE/AFP

Saudade do que não vivemos

Sem Messi nem Cristiano Ronaldo na Champions League significa caminho aberto para que Neymar assuma o trono da competição, certo? Não é bem assim.

Quando, em tese, teria caminho livre para ter o protagonismo no mais alto nível, o brasileiro também estará longe dele. Neymar se transferiu, em agosto, para o Al Hilal, da Arábia Saudita, e também não jogará a Liga dos Campeões.

Na competição que disputou dez vezes, ele é brasileiro que marcou mais gols, com 43, conquistou a taça uma vez, e participou de momentos de glória, principalmente ao lado de Messi e Suárez, no famoso 'trio MSN'.

Na temporada 2021/2022, porém, pela primeira vez na carreira deixou a Champions sem marcar. Na temporada passada, ele fez dois.

Enquanto novos astros se preparam para sonhar com a supremacia deixada por Cristiano e Messi, Neymar, um sucessor natural, está de olho na Champions, mas da Ásia. E curiosamente os três são os jogadores com mais seguidores nas redes sociais.

Ninguém é eterno

É o tempo. A última Champions sem eles foi 2001/2002. O tempo passa. Agora é o momento de saber. O engraçado é que os times que têm vencido não são dos grandes craques. Nem do Mbappé, nem do Messi ou Neymar. São os times, os grupos fortes e grandes, como foi o Real Madrid de 2022 e o Manchester City de 2023"

Paulo Vinícius Coelho, colunista do UOL

Acredito que a transição de Messi e Cristiano meio que já tenha sido feita nos últimos anos. Já não tínhamos mais a impressão de que a Champions era coisa de time de um ou time do outro. É claro que é emblemático não ter nenhum deles após 20 anos. Foi uma era e tanto e duvido que outros jogadores assumam tal protagonismo"

Julio Gomes, colunista do UOL

Valerio Pennicino/Uefa/Getty Images

Perde a Liga?

Jogadores com o peso de Messi e Cristiano Ronaldo têm impacto em qualquer campeonato. A presença ou a ausência deles não pode simplesmente ser ignorada. Mas para Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que se tornou acionista majoritária e controladora da TFM Agency, companhia com mais de 20 anos de experiência no futebol mundial e que gerencia as carreiras de Vini Jr, Lucas Paquetá, Endrick e Gabriel Martinelli, a Champions se sustenta sem qualquer abalo mesmo distante de seus expoentes.

"Hoje, penso que o torneio não tem perda relevante de valor, que justifique cálculo, por causa da ausência deles. A Liga Espanhola sim, alguns anos atrás, perdeu parte considerável de seu valor sem eles. Mas Messi e Cristiano Ronaldo já estavam em equipes que, por diferentes razões, não aspiravam ao titulo da Champions. Já não existia expectativa de vê-los campeões do torneio. O próprio fascínio mundial com os dois, em alguma medida, se deve ao sucesso deles e dos títulos na competição. Os próximos campeões, vão se beneficiar disso também. Os ciclos começam a se formar no ponto mais alto do pódio. A lógica não é de que ídolos chegam ao topo, mas de que se tornam ídolos os que chegam lá", disse.

"Nem mesmo no Brasil o interesse pela Champions será reduzido. O torcedor quer ver brasileiros bem, vencendo, e está claro que Vini Jr. é o atleta no qual os brasileiros depositam suas esperanças e pelo qual torcem sempre", completou.

Membro da Uefa Academy e especialista na identificação de talentos pela Federação Inglesa de Futebol, com trabalhos em Arsenal, Manchester United e Saint-Ettiene (FRA), Sandro Orlandelli também não vê impacto no valor do campeonato por tais ausências.

"Não acredito que o torneio perca valor pela falta desses dois ícones. Pelos jogadores jovens que já estão vindo, o Lamine Yamal, por exemplo, de 16 anos, fez um gol pela seleção espanhola, vai jogar a Champions pelo Barcelona. Temos ainda Mbappé, Haaland, Bellingham... É o momento dos jovens, da consolidação de talentos como estes. É um processo natural da vida, do esporte, do futebol", falou.

A dupla apontou Mbappé, Haaland, Vini Jr, Saka, Bellingham, Kvaratskhellia, Osimhen e Rodrygo como postulantes ao topo na preferência dos torcedores.

Marcas mundiais, mas em queda

Messi e Cristiano Ronaldo conseguiram mobilizar seguidores nas últimas décadas, e o peso dos dois é inegável para qualquer competição. Basta ver o que se deu com a audiência dos jogos de seus clubes, mundialmente irrelevantes, ao longo de toda a história, mas que já são conhecidos por todos, do México à Indonésia"

Thiago Freitas, CEO da Roc Nation Sports no Brasil

A Champions League é a principal competição de clubes do mundo. Os times se reforçam todos os anos para disputá-la, e muitos craques novos surgem todas as temporadas. É claro que a presença do Messi e do Cristiano Ronaldo agregam muito à competição, mas ela se renova a cada ano, com novos ídolos e novas histórias"

Fabio Wolff, especialista em marketing esportivo, sócio-diretor da Wolff Sports

Messi e Ronaldo já produziram, tiveram resultado, impacto máximo que poderiam ter. No declínio da questão biológica, não conseguiriam impactar na competição mais competitiva do planeta, que tem uma demanda física extraclasse da qual não conseguem mais corresponder pela idade. Não criaria nenhum impacto fora a idade"

Sandro Orlandelli, especialista em observação de talentos pela FA

Jose Breton/Pics Action/NurPhoto via Getty Images

Rivalidade épica: Quem foi melhor na Champions?

Cristiano Ronaldo estreou na Liga dos Campeões antes. Com apenas 17 anos, esteve em campo no duelo entre Sporting e Inter de Milão, na temporada 2002/2003. Desde então, participou de todas as edições da competição até 2022/2023, quando ainda atuava na Europa, mas esteve na Liga Europa com o Manchester United. E a atual, que acompanha de longe pois defende o Al Nassr.

Ele é o maior artilheiro da história do torneio com 140 gols. Venceu a competição cinco vezes e carrega uma série de recordes, como maior número de assistência (42), mais gols em uma única edição (17), mais gols em finais, em mata-matas, e maior número de partidas ganhas.

Lionel Messi também estreou com 17 anos. O debute foi contra o Shakhtar Donetsk, na temporada 2004/2005. Desde então, jogou todas as edições da competição até a atual, que acompanhará distante pois está no Inter Miami, dos EUA.

Messi fez 129 gols na Liga, foi campeão quatro vezes e também tem alguns recordes como maior número de gols na fase de grupos e contra rivais diferentes.

Houve seis confrontos entre Messi e Cristiano Ronaldo na Liga dos Campeões. Duas vitórias para cada lado e mais dois empates. Messi fez três gols, Cristiano marcou duas vezes.

Por que eles foram embora?

A primeira palavra que aparece como resposta é a mesma para os dois casos: dinheiro. A tese de que Cristiano Ronaldo e Lionel Messi foram atrás de contratos vantajosos para a reta final não é incorreta; mas ela é incompleta, segundo declarações dos próprios jogadores e de pessoas próximas a eles.

Quando Cristiano Ronaldo aceitou a proposta do Al Nassr para ganhar 200 milhões de euros (R$ 1,1 bilhão) por ano, ele viu uma ótima chance de aumentar ainda mais a própria fortuna. Só que o movimento de aproximação com o clube saudita só aconteceu porque o português estava perdendo espaço no Manchester United.

A opção de Ronaldo teve como motivação, além do dinheiro, uma necessidade vital de sentir-se útil, de fazer gols, de continuar sendo protagonista. O maior artilheiro da história da Liga dos Campeões queria dilatar o tempo e continuar sendo uma estrela. Na primeira temporada no Al Nassr, deu certo: foram 20 gols em 25 partidas, a melhor média desde 2017-18, quando ele saiu do Real Madrid.

No caso de Messi, a motivação foi diferente. O argentino negou uma oferta do Al Hilal porque a família não queria morar na Arábia Saudita. Os Messi (jogador incluído) gostavam da ideia de morar em Miami. Viver o estilo de vida estadunidense, em uma cidade com clima bom, muita presença latina e com David Beckham como chefe? O Inter Miami tinha um pacote muito atraente.

Mas se engana quem pensa que Messi trocou os milhões da Liga Saudita por um contrato franciscano. O contrato com a MLS também é lucrativo em longo prazo, com participações em direitos de transmissão e facilidades para se tornar sócio de uma franquia no futuro.

Candidatos ao trono

  • Mbappé

    Com 24 anos, Kylian Mbappé é um dos principais candidatos ao topo do futebol mundial. Campeão do Mundo pela seleção francesa, o rápido atacante ainda não conquistou a Champions pelo PSG. Mas quem duvida?

    Imagem: Ian MacNicol/Getty Images
  • Haaland

    Erling Haaland é outro candidato fortíssimo a se tornar estrela do principal torneio de clubes da Europa. Com 23 anos, o norueguês do Manchester City já ergueu a taça da competição e segue empilhando gols

    Imagem: Lexy Ilsley/Manchester City FC via Getty Images
  • Vini Jr

    Vinicius Júnior tem 23 anos e se consolidou como um dos principais jogadores do Real Madrid. O brasileiro tem na habilidade sua principal arma para sonhar com o trono e tem tudo para deslanchar no time espanhol

    Imagem: Julian Finney/Getty Images
Aurelien Meunier/Getty Images

No topo do mundo

A primeira vez que Messi ou Cristiano Ronaldo foram eleitos melhor jogador do mundo foi em 2008, com o português ficando no topo. Ele herdou posto do brasileiro Kaká, eleito no ano anterior.

Depois disso, a alternância entre eles tomou conta e a supremacia foi absoluta. Em 15 anos, apenas três vezes que o prêmio de melhor do esporte não foi de um nem de outro.

Aconteceu em 2018, quando Luka Modric venceu a disputa embalado pelo bom desempenho no Real Madrid e da Croácia na Copa do Mundo e 2020 e 2021 quando o artilheiro Robert Lewandowski transformou seus gols em premiação.

Messi foi eleito sete vezes, Cristiano Ronaldo cinco.

Como eu era antes de vocês

  • Futebol no Brasil

    Em janeiro de 2001, Vasco e São Caetano decidiram a Copa João Havelange (disputada no ano anterior). O time carioca venceu por 3 a 1 e sagrou-se campeão. Em dezembro, o Athletico Paranaense, então Atlético-PR, bateu o São Caetano na final e conquistou o Brasileirão pela primeira vez. Tudo antes da 'Era Messi e Cristiano'.

    Imagem: Jorge Araújo/Folhapress
  • Seleção brasileira

    Em julho de 2001, a seleção brasileira treinada por Felipão teve uma péssima participação na Copa América, sendo eliminada ao perder por 2 a 0 para Honduras nas quartas de final. Mas quando Cristiano Ronaldo estreou na Champions, em agosto de 2002, o Brasil tinha acabado de conquistar o penta da Copa do Mundo. Que virada, hein?

    Imagem: Reuters/Kimimasa Mayama
  • Onde estava Messi na estreia de Cristiano?

    Enquanto Cristiano estreava, Messi estava fazendo pré-temporada para estrear no Cadete A do Barcelona, onde marcou 38 gols em 31 jogos. Foi a primeira temporada sem lesões dele na base do clube, e quando os dirigentes se convenceram de que era um jogador realmente fora de série.

    Imagem: Reprodução/Youtube
  • A Champions era...

    A última Champions League sem Cristiano nem Messi foi vencida pelo Real Madrid na final contra o Bayer Leverkusen, em Glasgow, na Escócia. O jogo foi marcado pelo golaço de primeira de Zinedine Zidane. O time treinado por Vicente del Bosque era conhecido como 'Galácticos' por ser recheado de craques como Luís Figo, Roberto Carlos, Zidane e Raúl.

    Imagem: Tony Marshall - EMPICS/PA Images via Getty Images
  • Tecnologia da época

    Em tecnologia, a Wikipedia tinha apenas um ano de vida e ainda engatinhava como fonte de pesquisa em 2001. A Microsoft lançou o Windows XP e o console de games X-Box para concorrer com o Playstation 2, da Sony. A Nintendo, por sua vez, apostou no GameCube, também lançado em naquele ano.

    Imagem: Reprodução/Tecnoblog
  • E no entretenimento

    O ano de 2001 teve o lançamento do primeiro filme de Harry Potter nos cinemas. Em janeiro de 2002, ainda antes de Cristiano ouvir o hino da Champions em campo, os cinemas receberam o primeiro filme da série Senhor dos Anéis. E a Globo respondeu com a estreia do Big Brother Brasil.

    Imagem: Divulgação

Wembley será palco da decisão da Champions League em 2024

Historic England Archive/Heritage Images via Getty Images Historic England Archive/Heritage Images via Getty Images
DeFodi Images/DeFodi Images via Getty Images

Grupo A

Bayern de Munique, Manchester United, Copenhague e Galatasaray

Seis vezes campeão do torneio e vencedor das últimas 11 edições da Bundesliga, o Bayern de Munique chega como favorito do grupo. O gigante alemão volta a ter um atacante de primeiro nível com a chegada de Harry Kane, e manteve a base vencedora com Joshua Kimmich, Leon Goretkza, Thomas Muller e o promissor Jamal Musiala. Todos sob o comando de Thomas Tuchel, campeão em 2020/21 com o Chelsea.

Em seu primeiro ano na Liga dos Campeões com Eric Ten Hag, o Manchester United tenta voltar a ser protagonista na competição. O destaque é o atacante Marcus Rashford, artilheiro do clube na temporada passada. No meio-campo, Casemiro e Bruno Fernandes ganharam a companhia de Sofiane Amrabat e Mason Mount. No gol, quem chegou foi um finalista do torneio na temporada passada: o camaronês Andre Onana, ex-Inter de MiIão.

A temporada 2022/23 marcou o renascimento do Galatasaray. Depois de ser 13º na Liga Turca no ano anterior, o time foi campeão nacional e teve como grandes destaques o atacante Mauro Icardi e o meio-campista Sergio Oliveira. O argentino e o português continuam no time, que se reforçou com o marfinense Wilfried Zaha e o brasileiro Tetê, ambos vindos da Premier League.

Atual campeão dinamarquês, o Copenhague precisou passar por três fases eliminatórias para chegar à fase de grupos. O time aposta no talento do sueco Viktor Claesson, capitão e artilheiro. A seu lado, ele terá dois jogadores recém-chegados que podem se destacar: o volante argentino Mateo Tanlongo, cedido pelo Sporting de Portugal, e Mohamed Elyounoussi, emprestado pelo Southampton.

Stuart MacFarlane/Arsenal FC via Getty Images

Grupo B

Sevilla, Arsenal, PSV Eindhoven e Lens

Depois de brigar pelo título da Premier League 2022/23 e acabar como vice, o Arsenal volta à Champions sonhando com um feito inédito: jamais um time foi campeão jogando a final em sua cidade. Os comandados de Arteta lutarão para estar em Wembley com um time que mantém a base da temporada passada, reforçada pelo volante Declan Rice, comprado ao West Ham por 100 milhões de libras (R$ 600 milhões).

Longe de ter o mesmo poderio financeiro, o Sevilla chega com a credencial de ser o campeão da Europa League. O clube comandado por José Luis Mendilibar começou a Liga Espanhola com três derrotas, e ainda não se encontrou na temporada. O goleiro Yassine Bounou, estrela do time, foi vendido para o Al Hilal; a referência agora passa a ser um velho conhecido: o zagueiro Sergio Ramos, de 37 anos, que voltou ao clube.

Campeão europeu na temporada 1987/88, o PSV Eindhoven está longe de seus dias de glória. O vice-campeão holandês chega a esta Champions com um time modesto, que tem como estrela o atacante Luuk de Jong, de passagem efêmera pelo Barcelona. Xavi Simons e Ibrahima Sangaré, destaques da última temporada, deixaram a equipe. A maior novidade no elenco é o mexicano Hirving Lozano, campeão italiano com o Napoli.

O Lens surpreendeu na temporada passada, quando foi vice-campeão francês, a apenas um ponto do PSG. A tarefa na Champions League, porém, será bem mais complicada. Além de ter caído em um grupo difícil, o time perdeu seus dois principais jogadores: o marfinense Seko Fofana disse "sim" aos milhões do Al-Nassr, da Liga Saudita, e Lois Openda foi para o RB Leipzig, da Alemanha.

Soccrates Images/Getty Images

Grupo C

Napoli, Real Madrid, Braga e Union Berlin

Maior campeão da história do torneio, com 14 títulos, o Real Madrid está à procura de um novo sistema de jogo. A saída de Karim Benzema fez Carlo Ancelotti testar Vini Jr. e Rodrygo em funções diferentes, mas o time ainda tenta se acostumar ao esquema sem um centroavante de referência. A boa notícia é que Jude Bellingham, de apenas 20 anos, tem brilhado e marcado gols como um 9. A má, as lesões graves de Courtois e Militão.

Campeão da Série A após 33 temporadas, o Napoli tenta alçar voos mais altos na maior competição europeia. O clube conseguiu segurar Victor Osimhen e Khvicha Kvaratskhelia, apesar de boas propostas, mas perdeu o zagueiro Kim Min-jae, que foi para o Bayern de Munique. O treinador Luciano Spalletti também pediu o boné e deixou a missão europeia com Rudi Garcia.

Os dois outros integrantes do grupo são times que conseguiram "furar a bolha" para chegar à Champions League. O Braga volta ao torneio como terceiro colocado da Liga Portuguesa, atrás apenas de Benfica e Porto. Para disputar sua primeira Champions em 11 anos, o clube apostou na base dos últimos anos, com os irmãos Ricardo e André Horta, além do atacante espanhol Abel Ruiz.

O Union Berlin, por sua vez, fará sua estreia na competição, depois da quarta posição na Bundesliga 2023/24. A aposta da diretoria foi em jogadores com experiência na Champions, como o zagueiro italiano Leonardo Bonucci, o polivalente Robin Gosens (vice-campeão em 22/23 com a Inter) e o atacante Kevin Volland. O surinamês Sheraldo Becker, artilheiro da equipe na temporada passada, continua no elenco.

Alessio Morgese/NurPhoto via Getty Images

Grupo D

Benfica, Inter de Milão, Red Bull Salzburg e Real Sociedad

Atual vice-campeã, a Inter de Milão escapou dos cabeças-de-chave mais complicados e aparece como favorita no grupo. A equipe de Simone Inzaghi arrancou bem na temporada e soube manter o nível com bons reforços. O goleiro suíço Yann Sommer chegou para substituir Onana, e Marcus Thuram ocupou a vaga que foi de Lukaku. No meio-campo, Davide Frattesi e Henrikh Mkhitaryan ganharam espaço com a saída de Marcelo Brozovic.

O Benfica fez uma temporada sólida em 2022/23, com o título português e uma adaptação rápida ao comando de Roger Schmidt. O clube ainda procura um substituto para Enzo Fernández; o turco Orkun Kokçu foi contratado para a função do argentino. No ataque, duas mudanças de peso: Ángel Di María está de volta como líder técnico do elenco, mas Gonçalo Ramos partiu rumo ao PSG. Como sempre, o clube aposta em jovens promessas: o volante João Neves, de 18 anos, e o zagueiro António Silva, de 19.

Quarto colocado na Liga Espanhola, o Real Sociedad se candidata a surpresa do grupo com um elenco de muita qualidade, e um treinador que o conhece muito bem: Imanol Alguacil. A base do time foi mantida, com Martin Zubimendi e Mikel Merino no meio-campo, Takefusa Kubo e Mikel Oyarzabal no ataque. O time bem entrosado ganhou ainda o reforço do lateral-esquerdo Kieran Tierney, emprestado pelo Arsenal.

Absoluto no futebol austríaco, onde vem de 10 títulos, o RB Salzburg ainda tenta impressionar em nível europeu. A tarefa é complicada. Os três principais jogadores de ataque deixaram o clube: Benjamin Sesko foi para o RB Leipzig, Junior Adamu aceitou proposta do Freiburg e Noah Okafor agora é jogador do Milan. A esperança atende pelo nome de Karim Konate, marfinense de 19 anos que já foi chamado de "novo Drogba".

Herman Dingler/DeFodi Images via Getty Images

Grupo E

Feyenoord, Atlético de Madrid, Lazio e Celtic

O Feyenoord surpreendeu na temporada passada e conquistou o título da Liga Holandesa, superando os badalados PSV e Ajax. Para essa temporada, a equipe de Arne Slot perdeu o turco Orkun Kokçu, vendido ao Benfica por 25 milhões de euros. Sem grandes estrelas, o time aposta na força do jogo coletivo e em uma dupla de ataque latino-americana: o mexicano Santiago Giménez e o brasileiro Igor Paixão, ex-Coritiba.

Depois de chegar a duas finais na última década — e perder ambas para o maior rival —, o Atlético de Madrid dá sinais de desgaste em suas últimas participações na Champions League. Na temporada passada, os comandados de Diego Simeone ficaram na última posição do grupo. Para esta edição, poucas mudanças: Yannick Carrasco deixou o clube, e chegaram o zagueiro turco Soyuncu, ex-Leicester, e o lateral Azpilicueta, ex-Chelsea.

Vice-campeã italiana, a Lazio foi uma das boas surpresas do Calcio na temporada 2022/23. O time subiu de patamar desde a chegada de Maurizio Sarri, mas enfrenta um problema importante: perdeu Sergej Milinkovic-Savic, que foi para o Al Hilal. Sem o sérvio, o elenco tem como destaques o espanhol Luis Alberto, o artilheiro Ciro Immobile e o brasileiro Felipe Anderson. O objetivo é claro: chegar à fase de mata-mata.

Uma potência europeia no fim da década de 1960, o Celtic tem pretensões mais modestas atualmente. O experiente técnico Brendan Rodgers tentará levar o time às oitavas de final, mas a tarefa é complicada: destaque do time nos últimos anos, o português Jota foi jogar no Al-Ittihad, da Arábia Saudita. A estrela do time é o japonês Kyogo Furuhashi, artilheiro da Liga Escocesa. No gol, o titular é o interminável Joe Hart.

Xavier Laine/Getty Images

Grupo F

PSG, Borussia Dortmund, Milan e Newcastle

O PSG começa uma nova fase. O trio Messi-Neymar-Mbappé fracassou na missão de ganhar a Champions, e os dois primeiros deixaram o clube. Agora, cabe ao astro francês ser a única grande estrela. A missão de resgatar o time coube a Luis Enrique, campeão do torneio em 2014/15 com o Barcelona. Entre as novidades do elenco, estão o francês Ousmane Dembelé, o português Gonçalo Ramos e o espanhol Marco Asensio.

A semifinal da temporada passada recolocou o Milan no mapa do futebol europeu. Para esta edição, o clube conseguiu segurar o atacante Rafael Leão e o lateral-esquerdo Theo Hernández, mas a venda de Sandro Tonali para o Newcastle enfraqueceu o meio-campo. Ruben Loftus-Cheek e Yunus Musah são as novas opções para o setor, mas o time ainda tenta se encontrar. No "grupo da morte", não há muito espaço para erros.

O Borussia Dortmund protagonizou um dos grandes momentos da temporada passada, quando esteve a ponto de vencer a Bundesliga e acabar com a hegemonia do Bayern de Munique. Semanas depois de perder o título, o clube vendeu Jude Bellingham para o Real Madrid. Sem seu principal jogador, a equipe luta para não viver um ano de ressaca. E espera que o habilidoso Marco Reus mantenha-se longe das lesões.

O Newcastle volta à Champions após duas décadas, depois do quarto lugar na Premier League, e chega com dinheiro e um elenco de qualidade. O destaque fica para o meio-campo, com Bruno Guimarães e Joelinton, que agora têm a seu lado o italiano Tonali, comprado ao Milan por 70 milhões de euros. No ataque, os gols ficam por conta de Aleksander Isak, Callum Wilson e do talentoso paraguaio Miguel Almirón.

Steven Paston/PA Images via Getty Images

Grupo G

Manchester City, RB Leipzig, Estrela Vermelha e Young Boys

O título de 2022/23 mudou a história do Manchester City. Antes uma eterna aposta, o clube agora é o campeão europeu e começa a Champions como favorito. A fórmula é a mesma: Pep Guardiola no comando, posse de bola, domínio do meio-campo e Erling Haaland marcando gols. O elenco se reforçou com os croatas Gvardiol e Kovacic, além do ponta belga Jeremy Doku, para suprir as saídas de Gundogan, Mahrez e Laporte.

Presença constante nos últimos anos do torneio, o RB Leipzig é apontado como segunda força do grupo, mas passa por uma renovação drástica no elenco. A equipe do técnico Marco Rose perdeu seus três destaques para a Premier League: Gvardiol foi para o City, Nkunku para o Chelsea e Szoboszlai para o Liverpool. Com o caixa cheio, o clube apostou no belga Lois Openda, ex-Lens, e no holandês Xavi Simons, destaque do PSV.

O Estrela Vermelha já não tem mais o poderio e a qualidade técnica de quando foi campeão continental em 1990/91. A aposta dos sérvios, agora, é num jogo mais defensivo e com base na força. Para isso, o clube contratou o israelense Barak Bakhar, dono de seis títulos da liga de seu país. No elenco, o destaque é o recém-contratado marfinense Jean-Philippe Krasso, artilheiro do Saint-Ettiene na 2ª Divisão francesa.

Vencedor de quatro das últimas cinco edições da Liga Suíça, o Young Boys tem como maior desafio superar a fase de grupos. Nas duas participações anteriores, a equipe de Berna ficou na última posição na chave. Para mudar essa história, a esperança é no camaronês Jean-Pierre Nsame, maior ídolo do clube na década. É pra ele que devem ir as bolas no jogo rápido e direto do treinador Raphael Wicky.

Pedro Salado/Quality Sport Images/Getty Images

Grupo H

Barcelona, Porto, Shakhtar Donetsk e Royal Antwerp

Cinco vezes campeão, o Barcelona caiu na fase de grupos nas duas últimas temporadas. Para não repetir o vexame, Xavi aposta nos gols de Lewandowski, na qualidade de Pedri e De Jong, e no jovem Lamine Yamal, de apenas 16 anos. Além, é claro, dos portugueses João Cancelo e João Félix, que chegaram no fim da janela de transferências. Outra novidade é a ausência do Camp Nou; o time jogará no Estádio Olímpico de Montjuic.

O Porto chega à Champions depois de uma temporada em que levou três títulos — Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça. O clube manteve a tradição de grandes vendas ao negociar o brasileiro Otávio para o Al-Nassr por 60 milhões de euros e conseguiu manter a base. O artilheiro iraniano Mehdi Taremi negou propostas para continuar na equipe comandada por Sérgio Conceição, e o meia Nico foi comprado ao Barcelona.

Com a Ucrânia em plena guerra com a Rússia, o Shakhtar Donetsk disputará o torneio em condições muito especiais. O clube mandará seus jogos em Hamburgo, na Alemanha; e o elenco, antes repleto de estrangeiros (chegou a ter 14 brasileiros), ficou mais modesto. Os destaques são os veteranos Yaroslav Rakitskyi e Dmytro Chygrinskyi, que voltaram ao time no ano passado.

Para o Royal Antwerp, disputar a Liga dos Campeões é um sonho. O clube conquistou o Campeonato Belga com um golaço de Toby Alderweireld aos 49 do segundo tempo do último jogo dos playoffs, encerrando um tabu de 66 anos. Agora, os belgas têm a chance de medir forças contra os melhores times do continente. Além do veterano Alderweireld, o time tem um destaque no banco: o ex-volante Mark van Bommel é o treinador.

Hendrik Deckers/Borussia Dortmund via Getty Images Hendrik Deckers/Borussia Dortmund via Getty Images

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